Perigo do cerol aumenta em tempos de férias escolares

As férias escolares e os dias de estiagem formam o cenário perfeito para soltar pipas. No entanto, o que deveria ser uma brincadeira saudável se transforma em ameaça quando entra em cena o perigo do cerol. Essa substância, feita com cola e vidro moído, é altamente cortante e tem causado acidentes graves em todo o país. Seja para motociclistas, pedestres, aves ou até mesmo a rede elétrica, o uso de cerol e da linha chilena — uma versão ainda mais agressiva — é proibido por lei e representa um problema crescente, principalmente durante o verão e em áreas urbanas.
A Câmara de Betim em Minas Gerais lançou uma campanha nas mídias sociais – nesta semana – alertando para os principais riscos do cerol, por que ele é tão perigoso e como garantir uma diversão segura e consciente com pipas.
Cerol pode causar ferimentos graves em pessoas
Um dos maiores perigos do cerol está no contato com a pele humana. Motociclistas e ciclistas são as principais vítimas, especialmente em áreas com pouco sinalização. A linha cortante pode atingir o pescoço ou o rosto, provocando cortes profundos e, em casos extremos, mortes.
Pedestres também estão expostos ao risco, principalmente crianças que brincam nas ruas ou tentam recuperar pipas presas. De acordo com o Corpo de Bombeiros, a prática de usar cerol é considerada crime e pode levar a prisão, multa ou até indenizações por danos materiais e morais.
Aves silvestres estão entre as vítimas silenciosas do cerol
O Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) alerta para outro perigo do cerol: o impacto ambiental. Muitas linhas com cerol ficam presas em árvores, funcionando como armadilhas para aves. Espécies como gavião-carijó, maitaca-roxa e bem-te-vi são frequentemente resgatadas com asas amputadas ou ferimentos fatais.
Essas aves, quando sobrevivem, muitas vezes não conseguem mais voltar à natureza, o que afeta diretamente o equilíbrio ecológico. Além do risco à fauna, o descarte inadequado dessas linhas também prejudica a limpeza urbana e o meio ambiente.
Linhas cortantes causam prejuízos à rede elétrica
Além dos danos físicos, o perigo do cerol se estende à infraestrutura. Segundo a CEMIG, mais de 300 mil clientes ficaram sem energia elétrica no primeiro semestre de 2024 em Minas Gerais, devido a linhas de pipas enroscadas nos fios. A linha chilena, por conter óxidos metálicos, potencializa curtos-circuitos e gera riscos de incêndio.
Esses incidentes também impactam serviços essenciais, como hospitais e escolas, e geram prejuízos financeiros significativos para as concessionárias e para a população.
Leis proíbem o uso de cerol e linha chilena
A legislação é clara: o uso e a venda de cerol e linha chilena são proibidos em diversos municípios brasileiros. Em Manaus, a Lei Municipal nº 1.968/2015 proíbe a comercialização desses materiais. Já em Betim (MG), autoridades reforçam que adolescentes e seus responsáveis podem ser responsabilizados criminalmente por acidentes envolvendo essas linhas.
De acordo com o Código Penal, o uso do cerol pode ser enquadrado nos artigos 129, 132 e 278, com penas que vão de 3 meses a 12 anos, dependendo da gravidade da lesão.
Dicas práticas para soltar pipas com segurança
Para aproveitar as férias de forma segura, siga estas recomendações:
Prefira linhas de algodão, sem qualquer aditivo cortante.
Evite áreas com fios elétricos, como ruas e avenidas.
Nunca tente recuperar pipas presas em postes ou árvores.
Não solte pipas em dias de chuva ou ventania forte.
Supervisione crianças e adolescentes durante a brincadeira.
Caso veja o uso ilegal de cerol, denuncie às autoridades, use o 190.
Por que conscientizar é o melhor caminho
O perigo do cerol vai além de um simples corte ou queda de energia: ele compromete vidas humanas, destrói a fauna e traz prejuízos coletivos. A melhor forma de combate é a conscientização — nas escolas, nas comunidades e em casa. Incentivar brincadeiras saudáveis e responsáveis é um passo essencial para garantir que a infância seja marcada por boas memórias, e não por tragédias evitáveis.
