Pix Global é a nova ferramenta dos Brics contra o Dolar

Pix Global: Brics prepara lançamento de sistema de pagamentos para reduzir dependência do dólar
O bloco econômico Brics — formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de novos membros como Emirados Árabes Unidos e Etiópia — está acelerando os preparativos para lançar o Pix Global, também conhecido como Brics Pay. Esse sistema promete transformar o comércio internacional e, sobretudo, reduzir a dependência do dólar nas transações entre os países participantes. A previsão é que a novidade comece a operar já no final de 2025.
O que é o Pix Global?
O Pix Global é uma plataforma de pagamentos instantâneos desenvolvida em conjunto pelos países do Brics. Assim como o Pix brasileiro, lançado em 2020, ele permitirá transferências rápidas, seguras e de baixo custo. Entretanto, a principal diferença é que o sistema foi criado para operações internacionais, eliminando intermediários como o dólar ou o euro.
Na prática, isso significa que um brasileiro poderá viajar para a Índia, China ou África do Sul e, ainda assim, usar o mesmo sistema de QR Code do Pix para pagar por produtos e serviços. Do mesmo modo, cidadãos desses países poderão realizar pagamentos no Brasil sem precisar recorrer ao câmbio tradicional.
Como o sistema vai funcionar
O projeto foi construído a partir de um sistema descentralizado de mensagens fronteiriças (DCMS), desenvolvido pela Universidade Estatal de São Petersburgo, na Rússia. Dessa forma, as transações serão seguras e independentes de um controlador central, o que representa uma diferença significativa em relação ao sistema SWIFT, hoje dominante no cenário internacional.
Além disso, o Brics Pay contará com recursos inovadores, como:
Blockchain e carteiras digitais, que aumentam a segurança;
Pagamentos via QR Code, semelhantes ao Pix;
Integração com sistemas já existentes, entre eles:
SBP da Rússia, utilizado por mais de 200 instituições;
IBPS da China, que movimenta bilhões de transações em yuan;
UPI da Índia, em funcionamento desde 2010.
Portanto, a união desses mecanismos permitirá transferências diretamente nas moedas locais, sem depender do dólar. Assim, os custos diminuem e a agilidade nas operações aumenta.
Impacto econômico e geopolítico
O lançamento do Pix Global é interpretado como uma resposta direta à excessiva dependência do dólar no comércio internacional. Por consequência, os países do Brics terão maior autonomia financeira. Além disso, a novidade reduzirá a exposição do bloco a sanções aplicadas por nações que não fazem parte do grupo.
De acordo com especialistas, a expectativa é que, até 2030, o sistema movimente o equivalente a centenas de bilhões de dólares por ano. Caso isso se confirme, o Pix Global poderá se consolidar como o principal canal de transações comerciais entre países emergentes.
Benefícios para cidadãos e empresas
Os impactos não se restringem a governos e grandes exportadores. Pelo contrário, a população também sentirá os benefícios:
Turismo simplificado: será possível pagar em outro país do Brics usando apenas o Pix;
Menos conversão cambial: a dependência do dólar cairá significativamente;
Redução de custos: transferências internacionais ficarão mais baratas que as realizadas por bancos tradicionais.
Já para empresas brasileiras, sobretudo exportadoras de soja, carne e energia, a novidade representa menos barreiras comerciais e maior competitividade.
Desafios pela frente

Apesar das vantagens, o Pix Global ainda precisa superar alguns desafios. Em primeiro lugar, será necessário harmonizar legislações financeiras entre os países. Além disso, a iniciativa pode enfrentar resistência de nações que veem o projeto como uma ameaça direta à hegemonia do dólar.
Outro ponto é a pressão política. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já sinalizou que poderá impor tarifas adicionais contra países do Brics caso o sistema avance. No entanto, Rússia e China já estão em fase de testes, enquanto o Brasil demonstra interesse em aplicá-lo especialmente no setor agrícola e energético.
O Pix Global tem potencial para se tornar um marco histórico nas finanças internacionais. Dessa forma, poderá promover maior autonomia dos países emergentes e transformar a maneira como cidadãos e empresas realizam transações internacionais. Se superar os obstáculos políticos e regulatórios, o sistema pode ser um divisor de águas, diminuindo a hegemonia do dólar e fortalecendo a integração financeira do Brics.